FICHA TÉCNICA
2007 / 73 pág / São Paulo
Autor: Pedro Sérgio dos Santos
Editora: Brasiliense
Catalogação bibliográfica: Xadrez: História
ISBN: 85-11-01271-0
O autor do livro é graduado em Filosofia e Direito, tendo atuado como professor de filosofia. Também foi filiado a Federação de Xadrez do Estado de Goiás e faz parte do Tribunal de Justiça Desportiva. O Prof. Pedro Sérgio colabora com o livro O que é xadrez com os seus respectivos capítulos: Início de jogo, História ou estórias, O xadrez e outras áreas do saber, Fim de Jogo, Apêndice, Indicações para leitura.
A obra inicia com a exposição da imagem que o xadrez passa: como “restrito somente a uma suposta elite de intelectuais” (p. 8), porém tal afirmação só é concebida como um mito e o seguinte trecho nos traz a melhor resposta: “o lado lúdico do xadrez é sempre encantador e sedutor como lazer inteligente, e que nos desafia”. Ou seja, o xadrez é uma atividade lógica e psicológica, que pode ser tanto esportiva quanto escolar e de lazer, utilizando-o de várias maneiras traz inúmeros benefícios.
Sendo assim, para iniciação do xadrez é importante saber da sua origem, no entanto, o xadrez é um esporte tão antigo que não tem muita precisão sobre a sua data de nascimento, mas é prudente entender que há “o caminho da história e o das estórias” (p. 9), quando um caminho é da ciência histórica que traz dados (comprobatórios) e o outro caminho são das “lendas, ficções e fábulas”: ambos são importantes de se conhecer. Diante desses dois aspectos, a versão histórica de que a origem do xadrez surgiu por volta do século V ou VI d.C na Índia “já é praticamente aceita por todos os historiadores do xadrez” (p. 10). Pois há referências de chaturanga, um jogo composto de quatro exércitos, cada um deles continha um rei, um elefante, um cavalo, um barco e quatro peões. A disputa deste jogo poderia ser entre quatro pessoas ou apenas duas: deixando dois lugares vagos.
Na História o xadrez ganha destaque nas civilizações antigas, a partir dos Persas, depois expande-se para o Oriente Médio, Norte da África, Europa, América do Sul e América do Norte. Na idade Média o xadrez também foi aceito pela Igreja, representando a forma da Moral Cristã como mostra no texto de Moralitas de Scaccario de Inocêncio¹ que revela: “Este mundo todo é como um tabuleiro de xadrez: uma casa é branca, outra é preta, e assim representa o duplo estado de vida ou morte, de graça ou pecado.” (p. 20). Já na modernidade, Pedro Sérgio (2007) destaca as adaptações técnicas do xadrez, a estrutura, consolidadas no torneio londrino (1851) elaborado por Staunton que introduziu um relógio para o xadrez, e depois com o avanço tecnológico, o relógio passou a ser duplo e contabilizar o tempo individual para os dois jogadores. Além disso, Staunton atribuiu o formato universal das peças: o modelo é denominado Staunton-norm.
Por conseguinte, o xadrez no século XX repercutiu, época onde se originaram instituições para o desenvolvimento do esporte. Logo surgiram grandes estudiosos da área do xadrez, também com suas ideologias fundamentando o seu mundo enxadrístico. Ademais, o aspecto estilístico do jogo muda drasticamente, já que passa a romper com o "período romântico do xadrez” e passa a ter influências do cientificismo: relevando mais o método científico nas partidas. Por exemplo, tal vínculo do xadrez com o mundo da ciência é visto na performance de Emanuel Lasker, suas características a seguir só confirmam: "dramaturgo, de formação matemática e filosófica, ficou mais famoso como enxadrista que seus feitos em outras áreas, não que estes fossem irrelevantes Lasker manteve bom diálogo teórico com Einstein” (p. 32).
Da mesma forma, o xadrez contemporâneo se torna objeto teórico e técnico, especificamente para se desenvolver nas áreas educativas. Também é notório o quanto a disputa no xadrez condiz com a prática política: “os movimentos do jogo, norteados por esquemas táticos e estratégicos, retratam com bastante fidelidade os lances da política (ganhos, trocas, posicionamentos, ameaças e a busca objetiva do poder: xeque-mate)” (p. 43).
Por outro lado, o xadrez na educação auxilia no entendimento das ciências (matemática, geografia, psicologia, sociologia) e conhecimento da arte e filosofia, esclarece Prof. Sérgio: “no seu trato com a formação intelectual […] só tem a colaborar com o trabalho pedagógico”² (p. 46), também o exercício desse esporte contribui democraticamente para que o aluno possa atingir autonomia, por exemplo: quando tem a capacidade de disputar com o professor e “demonstra potencialidade suficiente para derrotar”, então se muda a percepção do ensino mais ortodoxo entre professor e aluno, além de que pode ser democrático em situações como o do “ensino especial” que “quebra o preconceito com relação aos portadores de deficiência”. Sendo assim, Pedro Sérgio (2007, p. 64) afirma que "relacionar o xadrez com as demais áreas é um propósito até certo ponto pretensioso” e cita exemplos da utilização do xadrez até em objetivos empresariais para os funcionários, ou seja, nem se restringe apenas a ensino escolar quando se vê a demasiada importância desta atividade.
NOTAS
No livro consta que o Papa Inocêncio III é autor de Quaedam Moralitas de Scaccario, porém outras fontes já revogaram por ser uma atribuição histórica inconsistente. Mais informações, aqui. Acesso em: 02, Julho, 2021.
Neste trecho é dada devida importância ao xadrez como instrumento pedagógico, por certo é um método didático muito divertido que auxilia no processo de aprendizagem. Acima disso o livro traz referência dos estudos de Antônio Villar Marques de Sá, que escreveu sobre “Ludicidade: desafios e perspectivas em educação”, quando descreve sobre jogos e a matemática, veja o livro disponível, aqui. Acesso em: 02, Julho, 2021.

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